quarta-feira, 7 de julho de 2010

Preguiça Patológica?

Sabem, às vezes eu olho ao redor e vejo que a vida está passando, o tempo está passando, os dias estão passando, eu estou envelhecendo e sei que tudo isso é inexorável. Mas me assusta, por que apesar de tudo que eu disse, não sinto como se estivesse vivendo. Apesar de meu rosto começar a denunciar a idade que possuo, estou congelado numa adolescência eterna, onde não trabalho, ou talvez numa infância, já que nem estudar estudo. Moro com meus pais. Não tenho namorado. Tenho sexo, mas não com alguém que eu ame apaixonadamente. É alguém que amo, mas como amigo e sei que não existe possibilidade de amá-lo de outra forma. Às vezes até quero isso, mas sou incapaz. Por motivos ridículos, mas sou.

Conclusão:

Sou um adolescente confuso e vagabundo no corpo de um homem de 26 anos.

E na ampulheta, as areias do tempo não estão nem aí, continuam a se escoar.

Acho que na verdade me falta algo, é como eu tivesse sido mandado ao campo de batalha sem uma arma sequer, fraco e faminto e tivesse que lutar para ganhar a Guerra. Me olho, me analiso e sei que não sou feito do estofo de que os Vencedores são. Não tenho a matéria sólida e resistente de que os trabalhadores são constituídos. Força para lutar, resistência para trabalhar dia a dia por um objetivo sério, constância, força de vontade, ânimo, tudo isso me falta.

Sabe aquele sonho de ser tão rico que não precisa nunca mais fazer mais nada? Pois é, é o meu. Tá bom, você vai me dizer que um monte de gente sonha isso. E eu lhe direi: Só que eu sonho a sério. Imagine alguém que nem tomar banho sozinho, nem fazer a barba sozinho, nem escovar os dentes sozinho, não faria. Seria eu. É Ridículo, mas sei que seria assim, infelizmente.

PREGUIÇA PATOLÓGICA

Será que existe isso? Uma preguiça e falta de propósito que o impossibilitam até fazer as coisas mais básicas? Quer dizer, não impossibilitam, mas tornam uma espécie de tortura. Esses rituais tão simples são torturantes para mim. Sério.

É como se eu tivesse vindo ao mundo, sem a matéria prima que possibilita às pessoas viverem. Falo de VIVER de VERDADE. Lutar, cair, levantar, trabalhar, conquistar, possuir, perder, possuir mais, com seu próprio esforço, se bastar, ser independente, dar orgulho aos outros, ter orgulho de si mesmo, de suas conquistas.

Eu tenho orgulho, mas são de coisas tão insignificantes, que ele deixa de ter validade.

Será que minha vida vai ser só isso? Será que ela é uma vida digna de ser vivida até a velhice? Estou perdendo as ilusões. Nada de bom me aguarda no futuro. É por isso que penso tanto em morte. Acho que se eu me matasse, conseguisse realmente fazer isso, ir até o fim, teria sido da forma mais covarde possível, alguém extremamente corajoso e se ainda existisse algo de mim em algum lugar, esse algo teria orgulho, orgulho de VERDADE, por ter finalmente conseguido ir até o fim em alguma coisa que fez. Sentiria um sentimento de missão cumprida. Como eu disse, isso se existisse algo depois. Se você tem certeza absoluta sobre isso, parabéns, você é um felizardo. Eu não sou. Mas prefiro nem pensar ou discorrer sobre o assunto. Vamos ficar com as histórias bonitinhas de vida eterna que é menos angustiante. Não é engraçado? Não quero essa vida, mas também tenho medo de cessar completamente de existir.

Não admira que eu tenha me enamorado pelas drogas. Prefiro mil vezes o mundo da minha visão de drogado do que o que vejo hoje. É irônico que logo alguém como eu não possa usar NADA de drogas, nem álcool, nada. É por causa da doença, sabe? Se eu fumar maconha, PIMBA, surto psicótico. Se Beber, PIMBA, mesma coisa. Pelo menos tive alguns anos de diversão antes dessa proibição. Diversão que custou cara, mas tive. Tipo, de acordo com meus médicos foi a maconha que provocou meu primeiro surto. Mas a verdade é que eles não sabem com certeza se eu não teria tido o surto do mesmo jeito sem a maconha. Predisposição eu já tinha. E não vamos esquecer que eu tinha essa facilidade tão grande para viver drogado por que passei boa parte da minha vida infeliz. Ou melhor, parte do tempo esfuziante, outra parte pensando em morrer. Doenças. Bipolaridade. Dependência Química. A verdade é que não sabemos o quê originou tudo isso, o quê me tornou aquilo que sou hoje, mas sabemos o que posso me vir a me tornar. E eu não quero isso.

Como deve ter ficado claro para vocês, eu não sei o quê quero realmente, o quê penso mesmo a respeito de tudo isso, mas sei que cansei de escrever.

Beijos aos que lerem.

6 comentários:

Mauro H. disse...

Triste em ver drogas como assunto
;/
sou totalmente contra isso e politicamente correto nesse assunto

Beê disse...

Depressão.

É cruel saber que isso se dá um jeito,com remédios, com remendos e tapas buracos.

Garanto que muita gente sente o que voce sente, nem que um resquício disso tudo, porque esse destímulo, esse desagrado, essa falta de propósito está em quase todo mundo. Eu vejo isso em quase todo mundo.
O que a sociedade faz, é entupir as pessoas de estímulos, distrações, consumismo, remédios e qualquer merda pra evitar que se tornem inúteis e improdutivos, mergulhados nessa terrível depressão.

Sinto isso também, mas devo ter mais entusiasmo que voce, creio que a grosso modo isso é hormonal, mas também provocado por coisas externas.
E Acredito e busco outros sentidos na vida do que comodismo e conforto, isso me faz ir além e não ver do futuro um eterno buraco. Porque afinal, o futuro nem existe realmente.
A vida não tem que ser de um jeito ou de outro, certo ou errado. Tem que ser agora e pronto, não inconsequente porque o amanhã pode vir com todas as consequencias, mas plena nesse momento. Só isso.

Desejo que voce se encontre!
Sinceramente!
( desculpe o texto rs)
Estou por aqui...
Abraço!

www.ventosemrumo.blogspot.com

Anônimo disse...

Cara!
Espero que nesse ano que tenha se passado, a realidade da sua vida tenha mudado, pois a vida é tão bela, é dura, mas bela.
Lendo esse texto, parece que vc se conformou com sua vida, e isso é um erro. Se vc não gosta de viver por vc mesmo, viva por quem amas, seus pais.
Não vale a pena viver pelas suas vontades somente, pois a vida se torna vazia e rotineira.
Se não tens força, a ausência dela é um motivo para a encontrar! Não desista! Nunca é tarde de mais.
Abraço.

Aline Rodrigues disse...

Me sinto exatamente como descreveu...

Ivana disse...

Interessante o teu post.
Em vez de entrares pelo mundo das drogas para atenuar o teu sofrimento, tenta perceber o porquê, porque te sentes dessa forma. Acredita, existe uma razão qualquer, muitas vezes presa no inconsciente, outras vezes algo com que lidas todos os dias mas não te apercebes. Quando encontrares essa razão, entenderás o que é necessário fazeres para te sentir melhor. Esse é o caminho. Procura curar a ferida em vez de tomares aspirinas....
Visita o meu blog http://www.vivercomdepressao.blogspot.com
Ivana

Daniela Brinde disse...

Gostaria de saber como está atualmente. Seu texto é excelente.Inteligente, lúcido, mesmo você se autodefinindo como um garoto confuso. Compartilho de alguns dos sentimentos que você expressou. É essencial seguir com o tratamento. Penso que você poderia ter uma história brilhante como escritor.